Conceito de “poço à roda” busca uma visão mais completa e realista do impacto ambiental dos veículos.

SINDIAUTO/ALVESP – Recentemente, o governo brasileiro introduziu o Programa Mover, previamente mencionado em notícias da ALVESP, e o IPI Verde, com o objetivo principal de promover a diminuição das emissões de CO2 na produção de veículos. Além disso, propôs um Projeto de Lei para impulsionar a atualização tecnológica da indústria automobilística. O IPI Verde contará com um orçamento de 19 bilhões de reais para apoiar essa iniciativa. Serão considerados diversos critérios, incluindo a fonte de energia utilizada pelo veículo, sua eficiência energética, a potência do motor, e até a reciclabilidade dos materiais.

Um aspecto relevante que temos discutido é a análise das emissões de combustíveis e baterias de veículos elétricos desde sua produção, adotando o conceito de “poço à roda”, termo que se refere a uma metodologia abrangente para calcular o impacto ambiental total das emissões de veículos, considerando todos os estágios desde a obtenção da matéria-prima até o uso final pelo veículo – em detrimento da visão mais restrita do “tanque à roda”, que considera apenas as emissões geradas pelo veículo durante seu uso, ignorando as emissões associadas à produção e ao transporte do combustível ou da energia elétrica utilizada.

Portanto, o conceito de “poço à roda” busca uma visão mais completa e realista do impacto ambiental dos veículos, incluindo os efeitos da produção de energia e materiais necessários para o seu funcionamento. Isso é especialmente relevante para os veículos elétricos, pois, embora não emitam CO2 durante a operação, a produção de suas baterias e a geração da eletricidade utilizada podem envolver emissões significativas, dependendo das fontes de energia utilizadas.

O programa promete ser bem estruturado e visa incentivar veículos de acordo com sua eficiência, sem discriminar entre híbridos, flex, híbrido flex ou elétricos puros. Contudo, ele tende a favorecer os veículos flex e híbridos flex, um ponto de controvérsia, considerando que veículos flex não garantem o uso de etanol pelo consumidor, o que poderia aumentar suas emissões.

“O programa será lançado esta semana. Da forma que será lançado o programa, a meu ver, privilegiará apenas os veículos flex (híbridos ou não). Desta forma distanciará o Brasil dos demais países em relação às tecnologias automotivas como híbridos leves, híbridos convencionais e elétricos.” publicou o Especialista André Maranhão em seu LinkedIn.

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A política de impostos do programa sugere alíquotas de IPI mais baixas para veículos flex e híbridos flex em comparação com híbridos a gasolina, o que reflete uma mudança em relação às políticas de impostos baseadas em capacidade volumétrica dos anos 90, focando agora mais em eficiência energética e redução de CO2.

Isso, porém, parece privilegiar veículos flex em detrimento de uma abordagem mais ampla para reduzir emissões, potencialmente atrasando o Brasil em relação a outras nações no que diz respeito à adoção de tecnologias automotivas avançadas, como híbridos leves, convencionais e elétricos.

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